Trânsitos são difíceis, mas as conversas também
Pergunte pra si, com toda a honestidade que tiver coragem de sustentar: "Com quem eu estava tentando conversar… se nem eu era escutado?"
Hoje quero te mostrar a astrologia de outro jeito.
Estamos atravessando um céu sensível, aquele tipo de trânsito em que as palavras machucam, mas os silêncios doem mais. Foi pensando nisso que escrevi uma crônica astrológica sobre o momento atual.
“Trânsitos são difíceis, mas conversas também” é um retrato do que estamos sentindo agora e de como isso pode reverberar nos nossos vínculos. Não para culpar os astros — mas pra tentar escutá-los. E, quem sabe, escutar a nós mesmos também.
Que esse texto te encontre na hora certa. E que ele te convide a se ouvir, antes de precisar responder.
Gabu
Algumas conversas não começam com palavras. Começam com um silêncio estranho no meio do riso. Um olhar que desvia. Um “tá tudo bem” que chega com atraso.
E de repente, a leveza do começo já virou memória — daquelas que doem de lembrar porque doeram ainda mais quando aconteceram.
Agora é Sol em Gêmeos, o signo que tenta transformar sentimentos em frases. Mas e quando a frase não encaixa?
E quando o que você precisa dizer não cabe em 280 caracteres, em um áudio de dois minutos, em um jantar no domingo à noite?Às vezes, o que precisa ser dito está tão preso no peito que vira espinho.
Mercúrio em Gêmeos, regente das palavras, anda lento mesmo em casa, como quem carrega uma mala pesada demais pra uma despedida curta.
Ele quer falar, mas hesita. Testa cada sílaba com medo do estrago.
Porque uma vez dito, não tem como voltar. E, pior: uma vez dito, talvez tudo acabe.
A gente cresce ouvindo que é melhor ser honesto. Mas ninguém ensina como ser honesto com quem a gente ama — Quando a verdade que carrega não é bonita, nem justa, nem redentora.
Só real. Só sua.
É aí que entra Saturno, agora em Áries. Ele pergunta: “E se a coragem de dizer for o que salva você?”
Porque manter uma relação viva às custas do próprio silêncio também é uma forma de morrer devagar.
Talvez o que mais destrua uma relação não seja a ausência de amor. Mas a ausência de espaço pra falar o que precisa ser dito, mesmo que doa, mesmo que bagunce, mesmo que mude tudo.
Você lembra da primeira vez que se calou por medo de perder?
Lembra do dia em que percebeu que estava mais sozinho ao lado da pessoa do que antes de conhecê-la?
Lembra do café da manhã onde o “bom dia” foi automático e o beijo de saída pareceu protocolo?
Esse céu pede que a gente revisite esses momentos.
Não pra remoer. Mas pra entender onde começou o sumiço de si dentro do outro.
Sol em Gêmeos ilumina os bastidores do afeto. Mercúrio em Gêmeos arrasta as palavras pela garganta como quem mastiga vidro. E Saturno em Áries exige coragem emocional, não pra lutar contra, mas pra sustentar a verdade sem precisar gritar.
Relacionamentos não acabam com grandes brigas.
Acabam no não dito.
Na gentileza exagerada que esconde o ressentimento. Na ausência de conversas que limpam o ar.
Talvez você não esteja mais triste pelo fim. Mas pelas palavras que nunca teve chance de dizer.
E se tudo o que te prende for, na verdade, a culpa por ter tentado demais?
Então respira. Olha no espelho.
E pergunta pra si, com toda a honestidade que tiver coragem de sustentar: "Com quem eu estava tentando conversar… se nem eu era escutado?"